Com os recentes cortes nas emendas parlamentares que destinavam verbas para festas e eventos e a crise econômica que se iniciou em 2008 e avançou ao longo do ano seguinte, o governo federal não teria muitos motivos para comemorar. Durante os últimos quatro anos, no entanto, não faltaram “festividades e homenagens”. Neste período, quase R$ 114 milhões foram gastos nessa rubrica – R$ 63,6 milhões a mais que o valor desembolsado no último mandato de Fernando Henrique Cardoso. Durante o primeiro mandato do governo Lula, os gastos da administração federal direta com festividades (não incluindo aí empresas estatais e sociedades de economia mista) atingiram R$ 40,8 milhões, atualizados monetariamente. O valor é inferior aos gastos do último mandato de FHC (R$ 50 milhões), mas se somados aos gastos realizados entre 2007 e 25 de dezembro de 2010 atinge mais uma cifra digna de ser incluída na série nunca antes na história deste país – R$ 154,4 milhões. Os campeões em gastos com festividades e homenagens durante os últimos quatro anos foram os Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores (MRE). O Ministério da Defesa computou R$ 39,4 milhões – quase 40% de toda a despesa no período. O Contas Abertas entrou em contato com a assessoria da Defesa para saber os motivos que fizeram do órgão o primeiro em gastos na rubrica “festividades e homenagens”. Entretanto, até o fechamento da matéria, o órgão não comentou o assunto. Já o MRE desembolsou R$ 17,6 milhões. Os recursos envolvem solenidades nas diversas embaixadas brasileiras no exterior, além de gastos em cerimônias, buffets e outros eventos oficiais. De acordo com a assessoria do órgão, os dispêndios do MRE foram destinados à recepção de autoridades estrangeiras, a eventos de política externa, a almoços, a reuniões ministeriais com parte das atividades no Itamaraty e a cúpulas. A assessoria destaca que os gastos refletem a política externa adotada pelo atual governo, que pretendeu ampliar a presença do Brasil no mundo. Só em 2010, a União desembolsou R$ 34,4 milhões para bancar as festividades e as homenagens nos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. É a maior marca desde pelo menos 1999. O órgão que menos gastou até agora recém formado Ministério da Pesca e Aquicultura, cujos gastos eram incorporados à Presidência da República, que empregou R$ 5 mil. No ano passado, a conta para a celebração de festas ou atos de reverência no âmbito da administração federal somou R$ 33 milhões. Os gastos da União com festividades e homenagens durante este ano equivalem, por exemplo, é três vezes os valores desembolsados nos programas de “defesa do consumidor” ou o de “promoção de políticas afirmativas para a igualdade racial” – R$ 9,8 milhões e R$ 11,5 milhões, respectivamente. |
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